quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Quem tem “gay” escrito na testa?

Fuzileiros navais rejeitam dividir alojamento com colegas gays


Talvez demore um pouco para todos entenderem que qualquer pessoa pode ser gay – o pai, o avô, o filho, o irmão. E não é só por eles não parecerem gays que eles realmente não sejam. Ninguém precisa ter “jeiitinho de gay” para “ser gay”. Ainda não é possível dizer qual a proporção entre gays e heteros, do mesmo jeito que não é possível saber quantos desses gays “parecem gays”. Por isso dei muita risada com a nota que reescrevi abaixo.

COMEÇO --- O general James Conway afirmou em entrevista coletiva ao Pentágono “que a ampla maioria dos fuzileiros americanos não deseja compartilhar seu alojamento com uma pessoa abertamente homossexual".

Conway manifestou sua oposição ao fim da lei "Don't Ask, Don't Tell" ("Não pergunte, não diga"), que impede aos soldados americanos de revelar sua identidade sexual. Ele acredita que se a homossexualidade deixar de ser tabu nas Forças Armadas dos EUA, muito militares “religiosos” pedirão baixa e será necessário procurar voluntários dispostos a compartilhar alojamento com homossexuais.

Mais de 13,5 mil militares foram excluídos das Forças Armadas americanas desde que a lei “Don't Ask, Don't Tell” entrou em vigor, em 1993. Segundo recente pesquisa CNN/Opinion Research, 78% dos americanos aprovam a presença de pessoas abertamente homossexuais nas Forças Armadas.----- FIM

Ri litros. Esse Conway quer participar de alguma pegadinha, só pode! Mal sabem esses militares “religiosos” citados pelo General Conway, que a cada homossexual assumido que eles conhecem existe no mínimo (e bota mínimo nisso) mais um homossexual enrustido.

E se os religiosos não estão dispostos a lutar com homossexuais, saibam que os homossexuais estão muito dispostos a lutar com (e pelos) religiosos, pois todos temos o direito a ter uma religião e a crer em algo.

Essa matéria lembrou também um policial militar com quem conversei um dia. Ele me disse que não existiam homossexuais na Roma Antiga porque “aquele Alexandre lá e os romanos não existiram. Eles são lenda. A gente não pode acreditar nos filmes que passam por aí”. Parei a conversa antes que ele dissesse que os Incas, os Maias e os Astecas eram contos de fadas.

Enfim. A base desse preconceito nas forças armadas é que quando alguns heteros imaginam um gay, eles pensam num cara que quer virar mulher, muito sensível, que dá gritinho quando vê barata, nunca pegaria num revólver e não agüentaria um campo de batalha. Aos poucos eles verão como estavam enganados. E deixarão de ter preconceito com eles mesmos ao admitirem que existem muitos heteros incapazes de participar de qualquer tipo de confronto, ainda mais um que envolva mortes.

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